A geografia escolar

segunda-feira, 3 de setembro de 2012


REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO ENSINO

Sobre o processo didático-pedagógico no âmbito do domínio dos objetos, das técnicas e da informação. Da mesma forma, levanta questões sobre o ensinar e para que ensinar Geografia.
Entendemos que a prática da geografia na escola está recheada de hábitos ancestrais e, esses continuam a distorcer a realidade construída historicamente distanciando os homens de uma apropriação do espaço nos moldes de uma cidadania efetiva.
O processo didático-pedagógico da geografia escolar, neste inicio de século, suscita reflexões quanto ao tratamento com as questões espaciais, destacamos aqui os fatos e os acontecimentos locais, regionais, nacionais e/ou globais, bem como, a política escolar baseada na pedagogia da mudança/transformação dos hábitos e atitudes dos alunos para a produção do exercício da cidadania. Nesse sentido, o (re) pensar a dimensão técnica, política e ética do processo ensino-aprendizagem na geografia escolar e suas repercussões na sociedade, constitui o esforço do presente artigo. Optamos por esse caminho para refletir, de forma clara e profunda, o que o ensino da Geografia vem fomentando para a formação de sujeitos que reconheçam a dimensão social de sua participação na apropriação do espaço, pois entendemos que o trabalho com essa disciplina pressupõe um projeto de alfabetização espacial que considera a dimensão social, técnica e política para a desconstrução da idéia de encarar a sociedade como mera mercadoria.
Falar da questão didático-pedagógica da geografia escolar nos remete a uma reflexão em torno das sérias críticas por qual passa seu ensino, como, aliás, acontece com o ensino em geral. Deve-se a isto à tradicional postura da geografia e do professor, que consideram como importante, no processo educativo: os dados, as informações, o elenco de curiosidades, os conhecimentos gerais, as localizações, enfim, o conteúdo acessório, Esse escopo, herança do século XIX, interfere no caráter propedêutico (método de introdução que prepara ou habilita para servir ensino mais completo) de uma geografia voltada para a cidadania, pois não consegue formar e manter conceitos geográficos válidos cientificamente e relevantes socialmente, existindo um predomínio.
A trajetória da geografia escolar, em especial, a brasileira tem sido permeada por um discurso ideológico que mascara a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Ela tem sido marcada por um enciclopedismo e por uma enumeração mecânica de fatores de ordem natural e social presentes num dado território. Essa situação é evidenciada ao encontrarmos professores que adotam em suas aulas conteúdos que, quase invariavelmente, são analisados de forma isolada, seguindo a postura tradicional de alguns livros didáticos, e por isso mesmo adotam uma postura estanque do processo educativo, mostrando, assim, ser uma disciplina simplória, inútil, sem nenhuma aplicação prática fora da sala de aula. Esse fato desperta nos alunos uma noção de inutilidade, gerando o desinteresse pelos estudos geográficos e, conseqüentemente, acaba por distanciar os sujeitos do conhecimento de si, enquanto sujeitos sociais e construtores da história no que concerne à cidadania. Estamos num momento em que a conjuntura política é, sem sombra de dúvida, muito fértil para o mercado competitivo e este faz da técnica a grande banalidade e o grande enigma que comanda a vida social, impõe relações, modela e administra essas relações com o entorno. Até mesmo a natureza que foi fragmentada durante tantos séculos é agora unificada pela história em benefício de firmas, Estados e classes hegemônicas. São esses atores que fazem com que os objetivos humanos e sociais, caminhem para uma preocupação meramente econômica com o papel hoje exclusivo da mercadoria, incluindo a mercadoria política.

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