REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO ENSINO
Sobre o processo didático-pedagógico no
âmbito do domínio dos objetos, das técnicas e da informação. Da mesma forma,
levanta questões sobre o ensinar e para que ensinar Geografia.
Entendemos que a prática da geografia na
escola está recheada de hábitos ancestrais e, esses continuam a distorcer a
realidade construída historicamente distanciando os homens de uma apropriação
do espaço nos moldes de uma cidadania efetiva.
O processo didático-pedagógico da
geografia escolar, neste inicio de século, suscita reflexões quanto ao
tratamento com as questões espaciais, destacamos aqui os fatos e os
acontecimentos locais, regionais, nacionais e/ou globais, bem como, a política
escolar baseada na pedagogia da mudança/transformação dos hábitos e atitudes
dos alunos para a produção do exercício da cidadania. Nesse sentido, o (re)
pensar a dimensão técnica, política e ética do processo ensino-aprendizagem na
geografia escolar e suas repercussões na sociedade, constitui o esforço do
presente artigo. Optamos por esse caminho para refletir, de forma clara e
profunda, o que o ensino da Geografia vem fomentando para a formação de
sujeitos que reconheçam a dimensão social de sua participação na apropriação do
espaço, pois entendemos que o trabalho com essa disciplina pressupõe um projeto
de alfabetização espacial que considera a dimensão social, técnica e política
para a desconstrução da idéia de encarar a sociedade como mera mercadoria.
Falar da questão didático-pedagógica da
geografia escolar nos remete a uma reflexão em torno das sérias críticas por
qual passa seu ensino, como, aliás, acontece com o ensino em geral. Deve-se a
isto à tradicional postura da geografia e do professor, que consideram como importante,
no processo educativo: os dados, as informações, o elenco de curiosidades, os
conhecimentos gerais, as localizações, enfim, o conteúdo acessório, Esse
escopo, herança do século XIX, interfere no caráter propedêutico (método de
introdução que prepara ou habilita para servir ensino mais completo) de uma geografia
voltada para a cidadania, pois não consegue formar e manter conceitos geográficos
válidos cientificamente e relevantes socialmente, existindo um predomínio.
A trajetória da geografia escolar, em
especial, a brasileira tem sido permeada por um discurso ideológico que mascara
a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço. Ela tem sido
marcada por um enciclopedismo e por uma enumeração mecânica de fatores de ordem
natural e social presentes num dado território. Essa situação é evidenciada ao
encontrarmos professores que adotam em suas aulas conteúdos que, quase
invariavelmente, são analisados de forma isolada, seguindo a postura
tradicional de alguns livros didáticos, e por isso mesmo adotam uma postura
estanque do processo educativo, mostrando, assim, ser uma disciplina simplória,
inútil, sem nenhuma aplicação prática fora da sala de aula. Esse fato desperta
nos alunos uma noção de inutilidade, gerando o desinteresse pelos estudos
geográficos e, conseqüentemente, acaba por distanciar os sujeitos do
conhecimento de si, enquanto sujeitos sociais e construtores da história no que
concerne à cidadania. Estamos num momento em que a conjuntura política é, sem
sombra de dúvida, muito fértil para o mercado competitivo e este faz da técnica
a grande banalidade e o grande enigma que comanda a vida social, impõe
relações, modela e administra essas relações com o entorno. Até mesmo a
natureza que foi fragmentada durante tantos séculos é agora unificada pela
história em benefício de firmas, Estados e classes hegemônicas. São esses
atores que fazem com que os objetivos humanos e sociais, caminhem para uma
preocupação meramente econômica com o papel hoje exclusivo da mercadoria,
incluindo a mercadoria política.